O terreno com forte desnível e vistas importantes tem frente para por duas ruas opostas, acesso de pedestres pela cota mais alta e de automóveis pela cota inferior. À maneira corbusiana, a planta do andar mais elevado define o perímetro completo do andar-tipo que vai sofrendo variações e parcialmente se desmaterializando à medida que os andares se aproximam do térreo; dali para baixo já nos níveis em subsolo (mas apenas apoiados na encosta e com as fachadas posteriores livres) situam-se as áreas de apoio e conforto dos usuários do edifício. O desafio de realizar boa arquitetura com baixo custo e alta qualidade foi enfrentado de maneira racional e apropriada, demonstrando exemplarmente que a arquitetura brutalista, embora estivesse ligada ao desenvolvimento especulativo de estruturas ousadas, não necessitava fazer desse mote o único caminho possível; e que tampouco a arquitetura brutalista tornava obrigatório o uso de um material único (concreto aparente moldado in loco), mas tolerava bem uma discreta variedade na paleta de materiais, podendo ser empregado, como neste caso, tanto painéis pré-fabricados como blocos de concreto (o em outros casos, alvenarias de tijolos).

O andar-tipo configura uma planta quase quadrada parcialmente rotacionada e de ângulos mais abertos de maneira a se adaptar ao perímetro trapezoidal do lote; a circulação vertical se posiciona em elementos verticais externos, mais fechados e expressivos, e as áreas de apoio se situam num núcleo central. A subtração, , de parte da área útil nos cantos desenhando varandas colabora na proteção solar dos ambientes e garante, pelo jogo de sua inserção/supressão/variação dimensional a obtenção de uma variedade de situações nas fachadas que aumentam o interesse plástico do edifício. A estrutura em pontuação colunar com vãos discretos opta não pela ousadia, mas pela viabilidade econômica, sem deixar de apresentar interesse face à sua ótima qualidade de fatura e bom acabamento.